2020
25
Nov

AlimentosCovid-19

Pandemia gera queda no consumo de arroz no Japão, faz preços caírem e preocupa agricultores

As medidas restritivas para conter o vírus mudaram os hábitos alimentares das famílias no país.

Tóquio – A demanda doméstica por arroz está diminuindo rapidamente. A disseminação da infecção por coronavírus contribuiu para a tendência de queda devido ao declínio da população e mudanças nos hábitos alimentares.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas, a estimativa de produção de arroz em 2021 é de 6,93 milhões de toneladas, ou seja, menos de 7 milhões de toneladas, segundo o jornal The Mainichi. 

O “excedente de arroz” está se tornando muito sério e a queda nos preços do arroz não para. Embora esteja sendo um outono frutífero, o sofrimento dos produtores de arroz está se agravando. 

“Houve uma grande diferença este ano”, lamenta Kenzo Arai (73), um agricultor na cidade de Shinano, na província de Nagano. 

Marcas como Akitakomachi, Koshihikari e Milky Queen mantém o cultivo em cerca de 10 hectares. No entanto, o preço de compra (60 kg) está cerca de 700 ienes mais baixo para o Akitakomachi e cerca de 300 ienes mais baixo para o Koshihikari em relação aos valores do ano passado. 

O atacadista disse: “Os depósitos estavam cheios de arroz e não cabia mais no ano passado.” O senhor Arai diz: “Como o custo (para produzir arroz) não muda, se o preço cair, o lucro será reduzido”.

A demanda por arroz de julho do ano passado a junho deste ano, anunciada pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca, foi de 7,13 milhões de toneladas (número preliminar), uma redução de 220 mil toneladas em relação ao ano anterior. 

A demanda por arroz vem diminuindo a um ritmo de 100.000 toneladas por ano nos últimos anos, mas essa queda é mais do que o dobro.

O pano de fundo está na queda de turistas estrangeiros no Japão devido à pandemia do coronavírus, e como consequência acabou afetando os restaurantes. 

O Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas informa que cerca de 12,7 milhões o número de turistas estrangeiros que deveriam ter visitado o país de janeiro a junho deste ano. Supondo que estes teriam ficado por pelo menos nove noites e uma cumbuca de arroz (65 gramas) fosse consumida por pessoa duas vezes ao dia, o consumo teria sido de 150.000 toneladas.

A demanda de arroz para comer fora de casa diminuiu 80.000 toneladas também devido às restrições feitas a estabelecimentos que servem refeições. Embora a demanda por arroz para as famílias tenha aumentado em 70.000 toneladas, esse valor não cobre o declínio geral.

Em julho, a província de Niigata, uma das principais produtoras de arroz do Japão, buscou ações junto com organizações agrícolas. “Mas a queda na demanda por arroz mais do que dobrou”, lamenta um responsável pela província.

Os estoques privados de arroz (no final de junho) ultrapassaram 2 milhões de toneladas, o que levou a quedas de preços. 

Para fazer frente ao “excedente de arroz”, a União Central das Cooperativas Agropecuárias (JA) anunciou uma política para atrasar a venda de 200 mil toneladas do arroz alimento colhido este ano a partir do ano seguinte para conter a queda dos preços.

Arai, que aos 40 anos de idade parou de produzir shiitake para dar lugar ao arroz, disse: “Quero que minha família e meus amigos comam um arroz delicioso.”

Porém, há cerca de três anos, ele começou a devolver parte dos arrozais ao dono das terras onde cultiva. “Também acho que não temos escolha a não ser aceitar o declínio na demanda por arroz.” 

Ainda assim, ele afirma: “Todos os agricultores estão se esforçando para que os consumidores comam um arroz delicioso. Quero que os consumidores comam arroz japonês com a ideia de que protegerão as terras agrícolas japonesas.”

Via Alternativa.co.jp

 
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