2020
21
Apr

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CASOS DE ASSÉDIO NO TRABALHO AUMENTAM DURANTE A CRISE DO CORONAVÍRUS

Enquanto o medo do coronavírus domina o Japão, os sindicatos estão recebendo um número crescente de denúncias de pessoas que sofreram discriminação nas mãos de seus chefes e assédio por clientes frustrados com a falta de mercadorias.

Uma mulher de 73 anos que trabalha em uma empresa de manufaturação em Nara disse que seu chefe gritou para que os colega parassem de pedir que ela almoçasse junto no início de abril e também descobriu que o mesmo chefe havia dito a outro colega para ficar longe dela.

“Só posso pensar que o coronavírus é o motivo. Estou vindo de Osaka”, onde o número de infecções vem crescendo, disse ela.

Na província de Osaka, mais de 1.200 pessoas foram infectadas pelo vírus, em comparação com pouco mais de 60 na província de Nara.

A mulher disse que foi uma experiência dolorosa, pois ela foi forçada a parar de almoçar no local de trabalho.

A Confederação Sindical do Japão, a maior organização trabalhista do país, também conhecida como “Rengo”, disse ter recebido relatos de assédio por causa do vírus, que incluem um chefe borrifando desinfetante em um funcionário e um funcionário novo recém-contratado sendo solicitado para vir ao escritório normalmente, porque jovens têm menos risco de adoecer gravemente com o vírus.

“Não apenas a reação exagerada, mas declarações e ações imprudentes configuram assédio”, disse um funcionário da “Rengo” que lida com o assédio no local de trabalho, acrescentando que “insegurança e estresse estão prejudicando as relações humanas e tendem a instigar condutas de assédio”.

Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Supermercados do Japão em março revelou que o assédio dos clientes também estava aumentando, pois as pessoas se frustram com os trabalhadores das lojas quando os produtos que desejam, como máscaras, estão esgotados.

Houve um caso em que um cliente ligava para uma loja toda vez que o caminhão de entrega chegava, exigindo que seus funcionários reabastecessem as prateleiras o mais rápido possível. Outros relataram que os clientes faziam reclamações com base em boatos.

“Existem muitas lojas com falta de funcionários e que estão em um ciclo vicioso de ter que lidar com reclamações, fazer a estocagem e atender os clientes”, disse um funcionário da associação.

Também houve casos de discriminação contra médicos e uma visão persistente entre as pessoas de que indivíduos são infectados pelo vírus por sua própria culpa.

Keiko Fujino, do Instituto Japonês para Gerenciamento de Empoderamento e Diversidade de Mulheres, uma fundação que promove o bem-estar dos trabalhadores, disse que as pessoas devem denunciar assédios relacionados ao vírus, como qualquer outra forma de assédio, e procurar consulta.

“Esse pode ser um problema novo para as empresas, mas elas precisam examinar como (o assédio) ocorreu e lidar com isso de maneira apropriada”, disse ela.

A Fujino também pediu para que as pessoas que trabalham em casa tenham mais cuidado com a escolha de palavras ao se comunicarem on-line.

“As pessoas precisam estar cientes de que é difícil expressar seus sentimentos (online) e respeitar os sentimentos das pessoas do outro lado”, disse ela.

 

©KYODO

 
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